MATÕES 177 ANOS.

TEXTO E FOTOGRAFIAS: ABDENALDO RODRIGUES/MATÕES NOTÍCIAS

Há quem diga que as cidades são apenas depósitos de tijolo e concreto, mas não é verdade, as cidades têm vida marcadamente pujante. Matões é um exemplo de injustiça e de grandiosidade.  No seu passado histórico, diante da soberba do coronelismo regional, foi retalhada, surrupiada, apunhalada e quase morta por motivações políticas  e ambições particulares. Mas a cidade sobreviveu aos percalços, permanecendo de pé, atravessando as décadas, os séculos, desafiando os pulsos e as biografias agressivas daqueles que tentaram destruir sua história.

Município de belezas naturais exuberantes

Fundada em 1835, a nova vila da província do Maranhão, recebeu a denominação de São José dos Matões, certamente uma homenagem explicita ao santo católico São José e, ao mesmo tempo, uma forma disfarçada de referenciar o rei português D. José I. Quase todas as denominações de lugares recebiam o nome gentílico de "José": São José das Cajazeiras, São José das Aldeias Altas, São José do Rio Preto...  

Igreja Nossa Senhora da Conceição

Matões, na sua originalidade, apresentava um misto de simplicidade e romantismo. Caminho de gado, de mascates, de bandeirantes, de índios, de jesuítas, de toda sorte de gente que ia e vinha da próspera cidade de Aldeias Altas (Atual Caxias) às cidades do centro sul do Piauí: Jerumenha, Manga, Oeiras... São José dos Matões tinha tudo para se transformar em um grande centro, no entanto as forças do progresso foram paralisadas diante da transferência forçada da sua sede para a nascente Parnarama, pelo influente Lauro Barbosa.  Recuperado os foros, mas uma vez foi desvanecida, quando os moradores da vila viram sua integração a São José das Cajazeiras (atual Timon). Além disso, em 1852, aconteceu a  transferência da capital da Província de Oeiras para Teresina, às margens do rio Parnaíba, mudando o eixo de desenvolvimento da região. Embora a nova capital do Piauí ficasse distante apenas cem quilômetros de São José dos Matões, a nova cidade planejada contribuiu para que a pequena vila entrasse em decadência.

Matoense, povo de fé

Matões nos seus dias atuais está mais sofisticada. Os velhos casarões da elite agropecuária e política, além dos pacatos casebres de palha estão, de forma acelerada, dando espaço para novos prédios mais imponentes. Os animais de carga e de transporte, tão comuns há pouco tempo, deram lugar a barulhentas motos e carros. A cidade tem  internet, celular, canal de TV; um carnaval  de muitos blocos e um dos festejos mais fortes da região, do Divino Espírito Santo, que ano após ano atrai mais gente, não só pela fé religiosa, mas também, pelas bandas musicais de sucesso do momento. Os sinais da globalização que engole, que transforma são evidentes.

Rua Dr. José Firmino

Da última emancipação política, são 60 anos. da primeira fundação, são idos 177 anos gloriosos e de muita luta. O espaço histórico "São José" ou "São José dos Matões", ou simplesmente "Matões", foi palco de batalha contra os portugueses pela Independência da Nação, entrando para a história como sendo o primeiro núcleo populacional livre do domínio português no Maranhão; viu a Coluna Prestes atravessar o Brasil em suas terras; tem nomes importantes marcados nas artes literárias, políticas, científicas, militares, jurídicas, esportivas da história antiga e recente do maranhão e do País.

Balneário Municipal

Matões, há de ser sempre assim: um calor de esperança àqueles que a amam, pois todos os dias acorda cedo para a sua gente prosaica e cheia de fé dar continuidade e inspiração à vida. Parabéns Matões pelos 177 anos nesse 1º de janeiro de 2012.