Fabio Leite – O Estado de S.Paulo
O presidente do PTB paulista, deputado estadual Campos Machado, entrou ontem com uma representação na Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) pedindo investigação sobre a coleta de apoio para a criação do PSD dentro de uma fábrica em Ibitinga, no interior do Estado.
No sábado, o Estado revelou que funcionários da Andreza Enxovais foram convocados pelo dono a assinar a lista do novo partido do prefeito Gilberto Kassab (ex-DEM). Um empregado disse que colegas assinaram o documento sem saber do que se tratava. Outro afirmou que em um dos turnos as pessoas foram obrigadas a levar o título de eleitor, necessário para a adesão.
“Trata-se, efetivamente, de fatos gravíssimos. Além da evidente coação moral, exercida pelo dono da empresa e seus diretores contra os empregados, praticamente obrigando-os a assinar a lista ou ficha de adesão para criação de um novo partido, estamos diante de um caso típico de fraude, que o resultado obtido tem a sua origem em atos ilícitos”, afirmou Campos Machado.
O petebista lidera a cruzada de opositores de Kassab contra a criação do PSD. Em junho, ele e o DEM entraram com representação no Ministério Público Estadual para que sejam investigadas irregularidades no recolhimento de assinaturas da nova legenda por servidores da Prefeitura de São Paulo. Machado alega que o PSD foi incorporado ao PTB em 2003 e acusa o prefeito paulistano de “apropriação indébita”. Ele sugere ainda uma perícia em todas as assinaturas coletadas.
“Gentileza”. O dono da fábrica, Manoel Roberto Alves Lopes, disse que a coleta foi uma “gentileza” ao irmão do deputado Guilherme Campos, seu cliente em Campinas, mas negou que tenha obrigado os funcionários a assinar. Segundo ele, foram coletadas cerca de 300 assinaturas entre os 2 mil empregados.
Escolhido líder do PSD na Câmara dos Deputados, Guilherme Campos admitiu ter pedido ajuda a fornecedores da empresa da família, mas atribui a denúncia de pressão sobre os funcionários da Andreza Enxovais à “fofoca de interior”. Um dos pré-requisitos para o grupo de Kassab criar o PSD a tempo de lançar candidato em 2012 é coletar 490 mil assinaturas em ao menos nove Estados até outubro.
Para o procurador regional eleitoral, Pedro Barbosa Neto, se ficar comprovado que os funcionários foram obrigados a subscrever a lista do PSD, as assinaturas podem perder a validade. “Tudo depende do contexto.”
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