Do Jornal Pequeno
Centenas de quilombolas estão acampados desde a madrugada desta quarta-feira (1º), em frente ao Palácio dos Leões, sede do governo do Estado, na Praça Pedro II. Na quinta-feira, 2, a partir das 8h, ocorrerá uma grande mobilização denunciando a violência no campo e na cidade.
O Estado do Maranhão, conforme assegurado pelo IBGE, tem a maior população rural brasileira, em termos proporcionais. Cerca de 36,9% dos 6,5 milhões de maranhenses não moram em zonas urbanas. Isso representa um universo de 2.427.640 pessoas em todo o Estado.
O Maranhão é um dos cinco estado no Brasil cuja Constituição reconhece às comunidades quilombolas o direito à propriedade da terra. Essa garantia é fruto da luta do movimento negro, que conseguiu a inclusão do artigo 229 na Constituição Estadual do Maranhão, promulgada em 1989.
Apesar de tudo isso, há em curso um processo de extermínio contra centenas de comunidades quilombolas no Estado do Maranhão.
Como fato desta afirmação, no dia 30 de outubro, Flaviano Pinto Neto, líder do quilombo do Charco, foi brutalmente assassinado com sete tiros na cabeça, a mando de Manoel e Antonio Gomes, homens poderosos da região da Baixada, o primeiro empresário de São João Batista, o segundo, vice-prefeito de Olinda Nova.
Em razão da violência, diversas entidades nacionais e internacionais se manifestaram pela elucidação do crime e cobraram a prisão dos responsáveis – mandantes e executores – do assassinato de Flaviano. Entretanto, passados mais de seis meses da morte de um preto valente, filho da terra, os mandantes, apesar de denunciados pelo Ministério Público, apesar das ameaças que fazem contra os moradores do Quilombo do Charco, em São Vicente Ferrer, e do Cruzeiro, em Palmeirândia, continuam soltos, ameaçando a integridade física dos quilombolas que resistem contra a opressão.
A morte de Flaviano representa a violência brutal que destroça comunidades quilombolas em todo o Maranhão. Hoje, há cerca de 30 lideranças quilombolas marcadas para morrer no Estado do Maranhão, segundo as entidades de defesa dos direitos humanos.
Fonte: John Cutrim
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