Por: O Globo.com
Em setembro de 2009, o deputado estadual Rubens Júnior (PC do B–MA), segundo mais jovem do Brasil, causou polêmica ao trocar o PRTB pelo atual partido comunista. Quando a antiga legenda decidiu integrar a base do governo de Roseana Sarney, empossada após a Justiça cassar o mandato de Jackson Lago (PDT) por abuso do poder político, Rubens Júnior passou a conviver com divergências constantes com os companheiros. O cenário político culminou com a saída do ex-partido, que chegou a ser contestada, sem sucesso, pelo primeiro suplente do PRTB.
Recentemente, o deputado – agora candidato à reeleição – voltou a chamar a atenção da população maranhense: em sua declaração de bens junto ao TSE, aparecia a mensagem “nada a declarar”. Rubens Júnior alegou um contratempo de campanha para o equívoco, e já no início dessa semana divulgou o valor correto. Por telefone, conversamos com o parlamentar, filho e neto de ex-prefeitos. Confira trechos do bate-papo:
Já Voto! - Por que a entrada na política?
Rubens Júnior - Na verdade, a minha família tem história na política. O meu pai foi deputado e prefeito, assim como o meu avô. Então, eu sempre tive vontade de entrar na política. Para isso, fui me preparar e cursei direito na Universidade Federal do Maranhão. Nunca tive dúvida de que iria trilhar esse caminho. Apesar disso, participo da juventude do PC do B muito mais agora do que antes da eleição”.
Já Voto! – Que tipo de propostas você tem para a juventude?
RJ - Grande parte do meu mandato é voltado para o público jovem. Na Assembléia, eu fui presidente da comissão da infância e juventude por dois anos. Além disso, tem a PEC estadual da juventude, uma proposta minha baseada em um projeto que já tramita no congresso nacional (a PEC da Juventude foi promulgada essa semana). Nela, está prevista a determinação de um plano dezenal de políticas públicas para a juventude. O complicado é que na constituição estadual, ou mesmo nacional, sequer existia a palavra juventude. Constam apenas os termos infância e adolescência, que requerem políticas bem diversas. Imagina, então, a dificuldade para se tentar traçar políticas voltadas para essa parcela da população. Hoje, a discussão sobre juventude amadureceu. Mas uma coisa importante é perceber que existem vários tipos de juventude: urbana, rural negra, feminina... Não adianta querer generalizar.
Já Voto! – A que você credita o crescente desinteresse dos jovens com a política?
RJ - É preciso politizar mais os jovens, que se encontram muito descrentes. Acho que por vivermos um período de maior estabilidade política os jovens acabam não participando tanto. Antes, na época da ditadura, ou do Collor, existia uma mobilização maior. A juventude precisa estar mais atenta e participar ativamente do processo político.
Já Voto! – Por que tantos jovens parentes de políticos seguem o mesmo caminho?
RJ – Essa questão de gerações da mesma família se manterem na política é uma tradição histórica. É algo que está relacionado à cultura política do país, uma forma das pessoas se perpetuarem no poder. No Maranhão isso é muito freqüente. Mas é preciso distinguir: tem gente que entra apenas pela herança política e não tem conteúdo, só que não são todos assim. E existe sim uma dificuldade dos políticos tradicionais de abrir espaços para que novas pessoas possam entrar na política. Eu participei da última Conferência Nacional da Juventude e uma das propostas era a de estabelecer uma cota de 10% para candidatos com até 29 anos, assim como está estipulado que pelo menos 30% dos candidatos devem ser de um dos sexos.
Já Voto! – Você já sofreu preconceito na Assembleia por conta da pouca idade?
RJ – Mesmo sendo jovem, fui presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), uma das mais importantes da casa. Mas cheguei a ouvir algumas coisas desagradáveis. Certa vez, um deputado disse: “estou na vida pública há 20 anos e esse menino entrou ontem”. Ainda assim, eu não tive dificuldades no exercício parlamentar porque me preparei de fato.
Nota da Redação: Há mais de duas semanas, estamos tentando falar também com a deputada estadual Lívia Arruda (PMDB-CE), caçula do país aos 26 anos recém-completados, mas não obtivemos retorno. Coincidência ou não, o pai da candidata, o deputado federal José Gerardo Arruda (PMDB-CE), que postula a reeleição, acaba de receber um pedido de impugnação de candidatura pela Procuradoria Regional Eleitoral, que se baseou na Lei da Ficha Limpa. Gerardo Arruda foi o primeiro parlamentar condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde a Constituição de 1988.
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