quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

EM CRISE COM PT POR CARGOS, PMDB QUER DISCUTIR VALOR MÍNIMO DE R$ 540

MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

Em meio ao desgaste para a formação do segundo escalão do governo Dilma Rousseff, o comando do PMDB anunciou nesta terça-feira que ainda não está convencido "do valor do salário mínimo de R$ 540 fixado para 2011".

Os líderes do partido se reuniram no apartamento funcional onde o vice-presidente Michel Temer está morando enquanto não termina a reforma do Palácio do Jaburu, residência oficial do vice.
Os peemedebistas cobram uma reunião com a equipe econômica para discutir outro valor para o salário mínimo.

"Queremos discutir, queremos que a área econômica nos convença desse valor. Essa não tem que ser uma decisão partidária, mas a que representa o melhor para o país", afirmou o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara.

Questionado se a discussão do salário mínimo tem relação com as indicações do segundo escalão, ele negou.
"Não tem nada a ver uma coisa com a outra", disse o deputado.

No dia 30 de dezembro, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou a medida provisória estabelecendo o aumento do salário mínimo de R$ 510 para R$ 540 a partir de 1º de janeiro.

A MP tem eficácia imediata, mas será discutida pelo Congresso Nacional, que pode alterá-la.

No Twitter, o deputado Eduardo Cunha (RJ) sinalizou qual será o valor exigido pelo PMDB. "Se o PDT, que tem o Ministério do Trabalho, vai apresentar emenda para aumentar o salário mínimo para [R$] 580, o PMDB tem que ao menos pedir [R$] 560."

NOMEAÇÕES SUSPENSAS

Na reunião de hoje, o comando do PMDB também formalizou a licença de Temer da presidência da legenda.

O senador Valdir Raupp (RO) ficará no cargo até março de 2012, sendo que Temer pode voltar à presidência a qualquer momento.

Também ficou decidido que o senador Romero Jucá (RR) continuará como líder do governo no Senado. Eduardo Alves permanece líder do PMDB na Câmara.

Ontem, na primeira reunião da coordenação política do governo Dilma, foi decidido que estão suspensas as nomeações para o segundo escalão, como forma de conter a animosidade entre PMDB e PT. As indicações voltarão a acontecer depois das eleições no Congresso, em fevereiro.

"Em face da reunião de ontem, nós colocamos ordem nas coisas. A ordem é dialogar. A ordem é esta: estão suspensas [as nomeações] enquanto não houver diálogo", declarou Temer, antes da reunião.

Para ele, "essas coisas [disputas por cargos] são assim mesmo".

A maior preocupação do governo e do PT neste início de governo é evitar que as insatisfações no PMDB acabem por prejudicar a eleição do petista Marco Maia (RS) à presidência da Câmara, em fevereiro.

Insatisfeito com a partilha de cargos no governo Dilma, o PMDB também boicotou ontem a posse do novo ministro das Relações Institucionais, o petista Luiz Sérgio.

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