Blog do John Cutrim
O enterro simbólico da governadora Roseana Sarney em frente ao Palácio dos Leões, ocorrido na noite de ontem (14) com direito a cortejo fúnebre pelas ruas do Centro de São Luís, foi a demonstração do sentimento de revolta dos trabalhadores da educação com a postura do executivo estadual com relação à educação e ao tratamento dispensado aos educadores, em greve há mais de quarenta dias. Eles reivindicam a implantação do Estatuto do Educador, além do piso salarial, previsto em Lei.
“Esse enterro simboliza o enterro de todas as políticas do governo que prejudicam a educação e os trabalhadores”, disse o presidente do sindicato, Júlio Pinheiro, que ajudou a carregar o caixão onde os educadores colocaram, simbolicamente, a governadora.
O protesto dos professores teve início na Praça Deodoro, onde vários trabalhadores usaram a palavra para denunciar à população os problemas que os educadores enfrentam no dia-a-dia na rede estadual de educação e a falta de compromisso do governo em garantir melhorias salariais que valorizam a carreira do professor, como o piso salarial e o Estatuto do Educador.
Uma grande passeata, simbolizando o cortejo fúnebre para o enterro da governadora, seguiu pela Beira Mar até o Palácio dos Leões, onde os educadores realizaram várias formas de protesto, como velas acesas ao redor do caixão, ritual religioso de sepultamento, cânticos na forma de ladainhas e a leitura de um testamento, no qual a governadora deixa para os alunos escolas em condições precárias, falta de espaços para o esporte, laboratórios de química e de informática que não funcionam, falta de professores e aprendizagem precária, com professores dando aulas de disciplinas para as quais não estão habilitados.
Piso salarial abaixo do chão
De acordo com o testamento, a governadora deixa um Estatuto sem assinatura e um piso salarial abaixo do chão. “Queremos simbolizar o enterro de todas as políticas utilizadas pela governadora contra os trabalhadores e contra a educação ao longo dos anos”, exclamou a professora Elinaura, de Rosário, município onde o gestor regional de educação baixou resolução com ameaças de punição contra os professores que aderiram à greve.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), Júlio Pinheiro, disse que a entidade busca, por meio de suas manifestações, retomar as negociações com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), a fim de garantir a aprovação do Estatuto do Educador e o pagamento do piso nacional aos professores do Maranhão. Ele contou que o salário pago pelo governo, R$ 427, para início de carreira, está abaixo do nacional, que é de R$ 1.187, 77. “No entendimento do sindicato o rendimento em nosso estado deveria ser de R$ 1.597, mas o governo não acata esse valor. O que ele tem feito é usar seus veículos de comunicação para confundir o povo, afirmando que o salário atual é o maior do Brasil”, explicou.
Segundo Júlio Pinheiro, o ato foi motivado pelo autoritarismo e pela violência institucional praticados pelo governo, que estaria usando de caminhos truculentos, para acabar com a greve. “O governo tem feito um verdadeiro terror, desrespeitando os professores, coagindo gestores regionais e diretores de escolas. E quer acabar com o nosso movimento por meio de decreto”, declarou Pinheiro.
Governo não quer negociar
Ele afirmou que na quinta-feira da semana passada, dia 7, a secretária de Educação, Olga Simão, recebeu um grupo de educadores para uma reunião. Porém, segundo ele, não foi para discutir a pauta de reivindicações, mas somente para informar que o governo só retoma as negociações se os professores voltarem para a sala de aula. “Estamos há dois anos atendendo a esse pedido e não chegamos a lugar algum”, disse o sindicalista.
Os protestos contaram com a participação de professores de vários municípios. No ato realizado no início da noite estava presentes educadores de Barra do Corda, Tuntum, Presidente Dutra, Bacabal, Santa Inês, Viana, Pinheiro, Balsas, Peritoró, Caxias, Timon, Arari, entre outros.
Um educador do interior, presente à manifestação, aproveitou para denunciar que em vários municípios o governo está obrigando os professores a lecionarem disciplinas diferentes de suas formações, como a quem é habilitado em Português dar aulas de Filosofia. E que pedagogos estariam lecionando Química e Matemática. (Com informações do JP e site do Simprosemma)
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